Péricles
Péricles de Andrade Maranhão considerado um dos maiores cartunistas do Brasil.
Foi o criador daquele que é talvez o mais famoso personagem do humor brasileiro, o Amigo da Onça. O imenso sucesso de sua criação dominou toda a vida profissional de Péricles, dos 19 aos 37 anos, quando cometeu suicídio, talvez esmagado pela personagem que o escravizara ao longo de quase mil páginas semanais.
O Amigo da Onça era veiculado desde 1943 por O Cruzeiro, a maior revista do país (que chegou a ter uma tiragem de 700 mil exemplares por semana), e o herói perverso de Péricles tornou-se logo figura familiar em quase todos os lares do Brasil. Toda barbearia tinha um cartaz de O Amigo da Onça e muitas geladeiras ostentavam ao lado do pingüim um boneco em porcelana com sua imagem inconfundível. De fato, a “maldade” do personagem marcou tão duravelmente a imaginação popular, o Amigo da Onça chegou a ser tema de teses universitárias na década de 1980, que identificaram retrospectivamente em Péricles um precursor da pop art.
O auge da popularidade do Amigo da Onça, nos anos 1950, coincidiu com os “anos dourados” e com as grandes esperanças da era Juscelino, mas é também contemporâneo do choque provocado pelo teatro de Nelson Rodrigues. Desde então o Amigo da Onça revela traços do caráter nacional que qualquer brasileiro pode identificar, mas nos quais o “brasileiro cordial” teima em não se reconhecer.
Péricles produziu em A Cigarra outras series de sucesso, como O Negocio Foi Assim, Miriato, o Gostosão, Piada do Mês, O Radio Por Dentro e Cenas Cariocas. Foi um artista talentoso e originalmente engraçado, que dotava os seus personagens com muito humor e humildade. A despeito da alegria luminosa que mostrava em seus cartuns, sua forma de ver a vida, em contra-partida, era muito sombria.
Ele acabou cometendo suicídio, no Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1961.

O Amigo da Onça foi continuado por mais de vinte anos, primeiro desenhado por Carlos Estevão e depois por outros cartunistas da equipe de O Cruzeiro, inclusive Ziraldo, como uma homenagem perene ao talento de Péricles.