O RALHO DA SEMANA, DO DIA, DO MÊS E DA HORA… 😜 ENQUANTO ISSO, EM MATO GROSSO do SUL….

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O RALHO DA SEMANA, DO DIA, DO MÊS E DA HORA… 😜 ENQUANTO ISSO, EM MATO GROSSO do SUL….

E o eleitor honesto, fica com cara de quê?

Enquanto vídeos, comprovantes de PIX e depoimentos apontam para uma
verdadeira “sacolinha eleitoral” digital nas eleições de 2024, o Tribunal
Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul ensaia um espetáculo onde a compra
de votos é reconhecida, mas a punição, descartada. O voto do relator, juiz
Alexandre Antunes da Silva, cravou a contradição que pode entrar para a
história: houve crime, mas ninguém será responsabilizado. Pelo menos não
quem comandava a campanha.
O julgamento, que deveria ser um marco contra o abuso do poder político e
econômico, foi transformado em uma sessão de retórica jurídica e blindagem
institucional. Com base em depoimentos de eleitores que confirmaram ter
recebido dinheiro para votar na prefeita Adriane Lopes (PP), incluindo
transferências feitas por assessores da própria prefeitura, esperava-se ao
menos uma análise dura, coerente e justa. O que se viu, porém, foi um voto
que diz sim para o crime e não para a consequência.
A ação movida por PDT e Democracia Cristã traz o depoimento de Sebastião
Martins Vieira, que confessou ter recebido R$ 400 por seu voto, além de mais
R$ 3.400 para aliciar outros eleitores, dinheiro repassado por assessores com
cargo na prefeitura. O caso foi parar na Justiça Eleitoral com um pedido claro:
cassação da chapa. Mas parece que o crime eleitoral, nesse teatro, precisa vir
com nota fiscal, reconhecimento de firma e selfie do candidato no ato da
compra.
Para o procurador regional eleitoral, Luiz Gustavo Mantovani, não restam
dúvidas: houve compra de votos escancarada. “Só faltou recibo assinado pela
prefeita”, ironizou. Ele apontou vídeos, documentos, provas bancárias e o
envolvimento direto de assessores de Adriane. Mas mesmo com a
materialidade diante dos olhos, o relator preferiu ver o que queria: a ausência
de um elo explícito, ainda que a corrente esteja inteira.
A defesa, previsivelmente, tentou desqualificar as provas chamando-as de
“ilações” e “acusações sem responsabilidade”. Disse que os envolvidos agiam
por conta própria. Ora, desde quando assessor de gabinete movimenta
milhares de reais em nome de quem? De si mesmo? De um projeto pessoal?
No argumento da defesa, os assessores eram altruístas dedicados à corrupção
espontânea.
Ainda mais cínico foi o apelo à “soberania do voto popular”. O voto que,
segundo o próprio processo, foi manipulado com dinheiro e favorecimento.
Alegar que cassar a chapa seria um desrespeito ao eleitor é como dizer que
manter o mandato de quem se elegeu ilicitamente é proteger a democracia. É
proteger, sim, mas os interesses de quem já está no poder.
O relator citou a cassação de Alcides Bernal em 2014 como se fosse escudo
para não repetir um “erro do passado”. Mas Bernal caiu por um processo
político e foi refeito pelo Gaeco. Adriane está em julgamento por compra de
votos, um crime tipificado, com provas e testemunhos. São coisas bem

diferentes. A comparação, nesse caso, é um escorregão retórico que não
convence nem calçada esburacada.
De que vale o voto limpo?
O placar do julgamento está em 1 a 0 pela permanência da chapa. Mas o que
está em jogo vai muito além de um mandato. O que se testa aqui é a
capacidade da Justiça Eleitoral de ser mais do que um tribunal simbólico, mais
do que uma instância decorativa onde tudo pode ser provado, desde que
ninguém precise pagar por isso.
O julgamento foi adiado por pedido de vista. Agora, o desfecho fica para a
próxima terça-feira (27). Mas a sensação que fica é a de que o tempo será
usado não para refletir, mas para esfriar. O famoso "deixa passar, que o povo
esquece". Só que dessa vez, o povo viu, e o povo, cansado de pagar por
eleições sujas, começa a se perguntar de que vale o voto limpo num sistema
que suja a punição.
E o eleitor honesto? Esse observa tudo com indignação crescente. O
trabalhador que enfrenta fila para votar, que se informa, que acredita na
democracia, esse assiste à cena com cara de bobo. Afinal, se até a compra de
votos com recibo eletrônico não serve para cassar ninguém, talvez o problema
não seja só a política. É o sistema inteiro que está precisando de recall.
Porque quando até a Justiça reconhece o crime, mas se nega a agir, a
mensagem que fica é devastadora: a corrupção compensa, desde que você
tenha os contatos certos e a cautela de não deixar sua digital no envelope.

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