Análise Política >Wallace e sua oferta terrorista: é preciso investigar TUDO

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“Vencido e desmoralizado no ataque frontal, o bolsonarismo e suas ramificações ameaça encaminhar-se para a violência individual”, escreve Paulo Moreira Leite

Paulo Moreira Leite (*)

 A agressividade criminosa dos derrotados na eleição presidencial de 2022 tornou-se uma marca típica da conjuntura que o país atravessa. De início, ocorreram tentativas abertas para questionar a vontade das urnas e tumular a posse do candidato escolhido pelo povo.

 Organizadas em torno de quartéis, concentrações de militares a paisana preparavam uma virada de mesa — como se comprovou no 8 de janeiro, na fracassada tentativa de emparedar o governo eleito.

 Vencido e desmoralizado no ataque frontal, o bolsonarismo e suas ramificações ameaça encaminhar-se para a violência individual, traduzida, frequentemente, pela covardia terrorista. —

 Alguém daria um tiro de 12 na cara do Lula?, publicou, em seu Instagram, o jogador Wallace, da Seleção brasileira de vôlei.

 E assim tivemos um ato terrorista à luz do dia, descarado. Em sua rede social uma celebridade olímpica  convida seguidores para cometer um assassinato político, capaz de eliminar um presidente em seu terceiro mandato.

 Nem é preciso mencionar crimes semelhantes ocorridos em outros países para imaginar a perversidade da tragédia planejada por Wallace. A lei define ameaça de morte como crime próprio, que deve ser investigado e punido mesmo que não tenha sido consumado. A pena máxima é de seis meses.

O caso aqui é de flagrante criminoso e  precisa ser investigado a fundo. O prestígio de Wallace como atleta não pode servir de atenuante.

 Deve ser chamado a prestar esclarecimentos detalhados, num caso que tem aspectos óbvios de crime político.  Sua rotina deve ser acompanhada e conhecida em detalhes. O círculo de amizades precisa ser desvendado, bem como os locais de treinamento e exercícios armados.

 Questões básicas precisam ser esclarecidas. Wallace chegou a falar de seus planos com alguém? Seus mestres de tiro notaram algo estranho em seu comportamento? Seus arquivos eletrônicos revelam alguma coisa?

 De imediato, o arsenal doméstico deve ser apreendido. A razão é óbvia. Ninguém capaz de procurar nas redes sociais pistoleiros com disposição para cometer um assassinato, ainda mais com requintes de crueldade (“tiro na cara”) pode ser autorizado a usar armas para ameaçar cidadãos inocentes — seja ele o presidente da República ou um cidadão comum.

 Alguma dúvida?

 (*) Paulo Moreira Leite

Paulo Moreira Leite é colunista do 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA

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O Portal O Ralho é composto por um grupo de artistas digitais que utiliza a política como fonte de inspiração. Dado o tamanho da bizarrice a política é humor próprio e porque é, em si, uma coisa engraçada. O humor, ao contrário, é uma coisa muito séria. Provo: a política é toda feita de dribles à imprensa, de desmentidos impossíveis, de promessas jamais cumpridas, de ilusão, enfim, enquanto o humor não engana ninguém: ou é engraçado ou não é, está ali no papel em exibição pública, nu e cru. Seríssimo. Por isso, os políticos em geral são bons humoristas enquanto os humoristas sempre foram péssimos políticos. Então o Ralho traz a visão contestadora, humorística e diária da realidade…

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