Criador da tirinha “Vereda Tropical”, ele fez sátiras da situação política e social brasileira da década de 1980 e foi roteirista de programas como “Chico Total” e “Escolinha do Professor Raimundo”. Nani estava internado há uma semana.
Morreu, nesta sexta-feira (8), de Covid, o cartunista Nani. Ele estava internado há uma semana, num hospital de Belo Horizonte.
O humor era a marca registrada do mineiro Ernani Diniz Lucas, que fez carreira no Rio de Janeiro. Criador da tirinha “Vereda Tropical”, fez sátiras da situação política e social brasileira da década de 1980.
“O trabalho da charge é sempre contra. Um trabalho que você tem que mostrar as coisas e mostrar de uma maneira que as pessoas entendam como uma segunda leitura, uma segunda opção”, definiu o cartunista em entrevista.
Na televisão, Nani foi parceiro de Chico Anysio por 20 anos, como roteirista dos programas “Chico Total” e “Escolinha do Professor Raimundo”. Nani também escreveu para o “Casseta & Planeta” e o “Sai de Baixo”.
“Ele era um excelente contador de piada e de causos também, né? Então, o que fica é essa marca registrada de alguém que fez rir, que fez a alegria de muitas pessoas”, afirmou o chargista Duke.
“Ele tinha um jeitinho mineiro de se referir ao próprio trabalho como uma coisa assim: ‘Não sei o quê, fiz uns cartuns… Eu fiz uns textos’”, relembrou o cartunista Laerte.
Segundo os amigos, era em Esmeraldas, a 50 quilômetros de BH, que Nani tinha inspiração para seus trabalhos. E uma das últimas criações do artista, há 15 dias, é uma espécie de homenagem à cidade onde ele nasceu.
São desenhos inéditos para uma agenda de 2022, que será vendida pela Apae, ONG que atende crianças e adultos que precisam de cuidados especiais. Nani conta a história das ruas da cidade onde nasceu.
“Nós vamos, se Deus quiser, promover o nome do Nani. Então, ele vai ficar eternamente em nossos corações e, como diz o grande poeta, ele não morreu, ficou encantado”, disse a presidente da Apae, Márcia Valarini.
“Nani foi cartunista de texto e desenho. Ninguém vai esquecer o humor do seu trabalho pelas gargalhadas que proporcionaram. Hoje, ele está com seu amigo e parceiro, Chico Anysio, e a sua obra está eternizada”, destacou o cartunista Maurício de Sousa.