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O humor e a reflexão

“O humor precisa de liberdade, democracia, reflexão e sobretudo informação e, às vezes, uma casca de banana é só uma casca de banana”, pontua Miguel Paiva

Por Miguel Paiva

As redes sociais mudaram o mundo, não há dúvida. Desde que passaram a ter a importância que têm e que as big techs assumiram o controle delas é o que acontece. De um lado foi uma coisa boa pois abriu a todos a possibilidade de se expressarem. Por outro, liberou geral e com isso muita coisa é dita e com isso o desentendimento se alastra. Qualquer um pode se manifestar e ter a possibilidade de viralizar com seu comentário. Vale tudo e nem tudo vale o quanto pesa nesta liberdade. As pessoas aproveitam para colocar pra fora tudo o que pensam e o que foram induzidas a pensar. Como pensam menos do que deviam, acabam dizendo o que pode parecer agressivo ou ofensivo. Até aí, tudo bem. Mas é que a ferramenta foi descoberta sobretudo pela direita que dela se aproveita.

Partindo da falta de educação no sentido educativo da coisa, ou seja, a falta de escola de base a direita faz das redes sociais o canal de divulgação de suas ideias. Mentir é fácil, a mentira pode ser glamorosa e sedutora enquanto o desmentido se perde no passado. Como tudo é muito rápido o que fica é o que foi dito, mentira ou verdade. Com isso o imediatismo das ideias passou a vingar. Não há mais reflexão, não há mais abstração. Só a mensagem dita e vista, não necessariamente lida. Péssimo ambiente para o humor que precisa da abstração, do contraditório, da dialética até, para ser entendido. Senão vira uma casca de banana no meio do caminho. Não é isso que o humor quer. O humor por si só é uma maneira de fazer você refletir sobre a vida. É um mergulho no avesso das coisas denunciando o que parece injusto. Para quem não pensa pode parecer o oposto, uma exaltação ao que é errado e criticável. Mas é aí que entra a reflexão e o entendimento. Nada mais justo para que você possa formar uma OPINIÃO.

É isso que queremos. Uma leitura reflexiva sobre o que é mostrado e não uma reação sem abstração. O mundo autoritário é feito disso. Nenhuma informação pode ser abstraída ou contestada. É para ser aceita. O humor não sobrevive nesses regimes. O humor precisa de liberdade, democracia, reflexão e sobretudo informação e, às vezes, uma casca de banana é só uma casca de banana.

Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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O Ralho
O Portal O Ralho é composto por um grupo de artistas digitais que utiliza a política como fonte de inspiração. Dado o tamanho da bizarrice a política é humor próprio e porque é, em si, uma coisa engraçada. O humor, ao contrário, é uma coisa muito séria. Provo: a política é toda feita de dribles à imprensa, de desmentidos impossíveis, de promessas jamais cumpridas, de ilusão, enfim, enquanto o humor não engana ninguém: ou é engraçado ou não é, está ali no papel em exibição pública, nu e cru. Seríssimo. Por isso, os políticos em geral são bons humoristas enquanto os humoristas sempre foram péssimos políticos. Então o Ralho traz a visão contestadora, humorística e diária da realidade…

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